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mais poderoso em corpo e mente que a mulher, e no estado selvagem ele a mantém numa condição de servidão muito mais abjeta que o faz o macho de qualquer outro animal; portanto, não surpreende que ele tenha ganhado o poder de seleção”, escreveu Charles Darwin no segundo volume de A Origem do Homem, publicado em 1871. O trecho, que hoje seria considerado inadmissível, não chocou a classe científica da época, ocupada demais em criticar a relação de parentesco entre o ser humano e outros primatas, proposta pela mesma obra. Mas não dava para esperar muito: a ideia de que as mulheres seriam inferiores aos homens era amplamente aceita na época.

GERAL

Teorias de Darwin sobre sexo e raça revoltam pesquisadores

Há 150 anos, cientista inglês postulou que as “raças humanas” se formaram a partir das diferenças entre os sexos. Antropólogos dos EUA condenam sexismo e fazem conexões com o racismo no contexto da pandemia.Praticamente todo mundo já ouviu falar da teoria da seleção natural de Charles Darwin e de seu tratado A origem das espécies, de 1859. Muitos terão usado em algum momento a expressão “sobrevivência dos mais aptos”, provavelmente atribuindo-a ao naturalista inglês (embora, na verdade, ela a tenha tomado emprestada do filósofo Herbert Spencer, seu rival durante uma época).

Bem menos conhecida, porém, é a posterior A descendência do homem. Publicada em 24 de fevereiro de 1871, a obra explora a teoria de “seleção em relação ao sexo”, um processo que o cientista cria ser uma força complementar à transformação evolutiva.

Originalmente publicada em dois volumes, A descendência cobre diversos aspectos da vida animal e humana, indo de anatomia comparativa a faculdades mentais, a aptidão de empregar razão, moralidade, memória e imaginação, ou como os animais escolhem com quem ou o que fazer sexo.

A historiadora da ciência Janet Browne aborda as ideias darwinianas e as problemáticas que suscitam em A most interesting problem – What Darwin's Descent of man got right and wrong about human evolution (Um problema muito interessante – Em que a Descendência do homem de Darwin acertou e errou a respeito da evolução humana), recém-lançado pela Princeton University Press.

“Darwin propunha que a seleção sexual foi instrumental em explicar a origem do que ele chamava 'raças' humanas, e do progresso cultural”, escreve Browne. Ele argumentava que a seleção sexual explica por que os humanos se dividiram em diferentes grupos raciais, com a cor da pele e do cabelo como indicadores importantes.

No entanto, prossegue a professora de Harvard, para o naturalista “a seleção sexual entre os humanos podia também afetar características mentais como inteligência e amor materno”, até mesmo dentro dos grupos raciais, e ele escreveu: “O homem é mais corajoso, pugnaz e enérgico do que a mulher, e tem mais gênio inventivo.”

“Acho que na verdade Darwin estava tentando explicar as raízes biológicas do desenvolvimento histórico da civilização. Ele achava que a seleção sexual era um fator importante também no desenvolvimento da mente humana.” A autora considera tais ideias problemáticas – e crê que não está só.

O poder do viés cultural

De fato: embora considerando A origem das espécies “simplesmente espetacular”, Jeremy DeSilva, antropólogo do Dartmouth College e editor de A most interesting problem, admite ter ficado dividido ao ler A descendência do homem.

Por um lado, Darwin teve um “insight incrível” sobre como os humanos estão conectados com outros organismos e são parte de um processo grandioso, deduzindo “que todo organismo tem uma história evolutiva, e nós também”. “Ele descobriu uma pista quente, e montou o palco para próximo século de pesquisa, ou mais”, admira DeSilva.

Do outro lado da medalha: “Eu lia esses capítulos sobre diferenças de raça e sexo e simplesmente me encolhia de constrangimento. Uau, como ele errou a mão! E por quê? Ele era simplesmente um produto de sua época? Ou apenas tinha esses profundos vieses na qualidade de britânico privilegiado?”

O problema é que Darwin poderia ter se saído melhor, mesmo em plena era colonial britânica, deveria ter sido mais sagaz, argumenta o antropólogo. “Ele dispunha dos dados para tal, não é que não fosse capaz de ir contra a maré da época. Afinal, ele escreveu A origem das espécies!”

“Prezado senhor… Antoinette”

Contudo às vezes o naturalista inglês não era capaz de ver o que estava diante de seus olhos, pontifica DeSilva. “Ele lançou a hipótese de que deveria haver fósseis de antigos humanos, e no entanto, como nunca havia visto um, quando lhe levam um fóssil, ele não consegue ver.”

“Nós celebramos Darwin – e devemos celebrar – por suas ideias e sua incrível capacidade de observação, experimentos, as perguntas que fez e sua fascinação pelo mundo. Portanto aí está esse mestre da observação. Mas quando lhe apresentam um crânio fossilizado, ele não diz muita coisa a respeito”, acrescenta o antropólogo.

Em outro episódio, depois de A descendência do homem, Antoinette Brown Blackwell, a primeira ministra protestante ordenada dos Estados Unidos, escreveu The sexes throughout nature (Os sexos em toda a natureza), abordando ideias de igualdade, do qual enviou cópias a Darwin.

“Ele responde, e sua carta começa: 'Prezado Senhor'”, espanta-se DeSilva. “Eu me pergunto: ele sequer conseguia imaginar que uma mulher tivesse escrito um livro?”

Holly Dunsworth, bioantropóloga da Universidade de Rhode Island e também colaboradora do livro de Janet Browne, responde à pergunta de forma bastante sumária: para ela, foram “os homens e as tradições patriarcais” que impediram as cientistas do sexo feminino de se destacarem no tempo de Darwin.

Racismo, do século 19 à pandemia

Lendo A most interesting problem, tem-se a impressão de que Charles Darwin se encontrava num conflito interior, entre suas observações, suas tendências, e os vieses da época. E às vezes parece que ele simplesmente ignora sua própria ciência.

Segundo o primatólogo e bioantropólogo Agustín Fuentes, da Universidade de Princeton, Darwin discute “se as assim chamadas 'raças' de humanos derivavam de ancestrais diferentes (a tese dos poligenistas) ou se tinham um ancestral comum distante (monogenistas). Ele certamente estabeleceu uma reputação para a divisão biológica das pessoas em linhagens, e aí faz uma afirmação cultural tendenciosa do tipo: 'Sim, sim, tem tudo isso, mas sabemos que essa gente não é tão adiantada, não é tão esperta e não é capaz de sobreviver'.”

“Então, para mim, isso realmente mostra como o racismo funciona: a questão não é o indivíduo racista, são as estruturas de crença sistêmicas que perpetuam essas coisas.” E essas estruturas permanecem até hoje, afirma Fuentes. Isso se aplica às atitudes em relação às populações indígenas das Austrália e dos EUA, e, talvez de forma mais ampla, às desigualdades no contexto da atual pandemia de covid-19.

“Tome como exemplo os EUA e o Reino Unido, onde vemos taxas completamente diferentes de mortalidade e morbidade, infecção e morte, conforme a pessoa tenha pele parda ou não. Então, não há uma única razão biológica para tal, isso é produto do racismo sistêmico, criando corpos e vidas desiguais”, afirma o antropólogo americano.

“É exatamente o que Darwin via e interpretava errado, como evidência de seleção natural, quando o que estamos vendo, na realidade, são paisagens locais, sociais e ecológicas criando divisões culturais que são incorporadas às pessoas”, acrescenta Fuentes.

E se Darwin vivesse hoje?

Apesar de todo rigor em relação ao naturalista nascido em 1809, Fuentes acredita que nos tempos atuais ele teria “defendido a ausência de 'raças' biológicas”. DeSilva também parte do princípio que, “sabendo o que sabemos hoje em dia”, Darwin teria formulado diferente A descendência do homem, 150 anos depois.

Dunsworth, porém, é menos complacente. “Ele poderia fazer melhor hoje, porque se beneficiaria de todos nós, que estamos fazendo melhor do que ele fazia!” Segundo ela, uma das vertentes do livro A most interesting problem é pensar “no prazer que Darwin poderia ter tido em saber o que sabemos hoje”.

“Mas não me sinto confortável ou interessada em imaginar coisas pessoais assim sobre ele, e talvez seja porque estou zangada com ele e não quero ceder uma parte de mim. Darwin era abastado e bem conectado. Suas ideias, caso publicadas agora, seriam escutadas, e antropólogos e muitos outros estariam apagando incêndios por toda parte.”

A pesquisadora prossegue, citando uma lista de discussões e intelectuais controversos, como Steven Pinker e Richard Dawkins, e “políticos que ainda comparam opositores de cor a primatas não humanos, todo tipo de gente com todo tipo de poder que pensa que mulheres e homens evoluíram separadamente para ter os papéis de gênero estereotipados do patriarcado, de modo a beneficiar a espécie, etc., etc….”

Como diz Jeremy DeSilva, o viés é uma coisa poderosa.

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Como funcionam os neurônios

17/09/2014 Por Assessoria de Imprensa SUPERA

Em palestra para o SUPERA este mês, a neurocientista Carla Tieppo falou durante duas horas sobre a estrutura e o funcionamento dos neurônios, traçando um paralelo com os exercícios para o cérebro.

Segundo ela, esta célula nervosa que compõe o cérebro é multifuncional, ou seja, usamos combinações de neurônios semelhantes para decodificar sinais e interpretar as diferentes situações do nosso cotidiano.

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Ao olhar para uma caneta, por exemplo, ativamos uma grande quantidade de neurônios que projetam imediatamente um circuito de ideia mental no cérebro. Ao olhar para um lápis, que é parecido, ativamos uma parte deste mesmo conjunto de células nervosas.

A neurociência já comprovou a conectividade entre os mesmos neurônios para a formação de diferentes associações mentais. Isso ressalta a importância das sinapses em detrimento da quantidade de neurônios no cérebro.

É este princípio também o princípio da ginástica cerebral, que propõe aumentar a reserva cognitiva e melhorar o desempenho do cérebro.

História e anatomia dos neurônios

Segundo a Dra Carla Tieppo, os neurônios começaram a ser estudados em 1902, ou seja, já são mais de 100 anos de pesquisas.

Os neurônios são formados basicamente por três partes –dendritos, corpo e axônios – cada uma delas com uma função específica.

1. Dendritos – são as terminações dos neurônios que recebem os estímulos, que captam informações externas.
2. Corpo – é a região do neurônio onde ficam o núcleo e o nucléolo. Ela é a responsável por processar as informações captadas pelos dendritos.
3. Axônios – são as terminações dos neurônios que emitem (entregam) as informações processadas no corpo.

Existem diversos tipos de neurônios e um único neurônio pode estar ligado, e recebendo informações, de milhares de outros neurônios. O neurônio, quando recebe informações de vários outros neurônios ao mesmo tempo, tem capacidade de “processar” as informações e emitir uma única resposta.

Plasticidade cerebral

Plasticidade cerebral é um conceito da neurociência que diz que o cérebro é capaz de se modificar durante toda a vida.

Sobre este assunto, Dra Carla Tieppo explicou dois conceitos que ajudam a entender o funcionamento do cérebro: a sinaptogênese e a neuogênese.
A sinaptogênese é o fortalecimento dos circuitos neurais. “O cérebro muda o tempo inteiro, e isto é da nossa natureza. E os exercícios para o cérebro aceleram a atividade neural para melhorar a memória, por exemplo”, afirma Carla Tieppo.

A neurogênese, que acontece na região do cérebro chamada o hipocampo, é o aumento do número de neurônios decorrente de estímulos para o cérebro.

Isso demonstra que, ao contrário do que se acreditava, o cérebro pode fabricar novos neurônios.

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VEJA QUEM SÃO OS 10 BICHOS MAIS INTELIGENTES DO REINO ANIMAL

Existem várias discussões sobre quais são os animais mais inteligentes do mundo. Contudo, o neuropsiquiatra Jon Lieff divulgou uma lista desenvolvida após uma longa pesquisa para acabar com quaisquer dúvidas. No top 10, o interessante é que nem sempre o maior cérebro pertence ao mais inteligente.

Acompanha abaixo a lista:

10. Abelha

As abelhas usam simbolismos e conceitos abstratos para resolver os problemas diários. "Elas possuem uma memória caleidoscópica de cada flor dentro de uma área de quilômetros. Além disso, as abelhas aprendem com as mais velhas quais são as melhores flores", disse Lieff para o Discovery News.

O mais incrível é que esses pequenos insetos conseguem se automedicar dentro das colmeias de várias maneiras diferentes. Isso sem contar as estruturas complexas feitas para armazenar o mel.

9. Polvo

Segundo Lieff, os polvos espalham informações culturais uns aos outros, além de terem a habilidade da mimetização, comunicação por meio de cores, padrões e flashs. "Eles possuem uma capacidade de aprendizado espacial muito avançada, além de habilidade de navegação e técnicas predatórias avançadas. Os polvos podem manipular objetos tão bem como os humanos", comentou o neuropsiquiatra.

8. Elefante

Os gigantes fofões que vivem nas savanas e florestas possuem capacidades sociais altamente evoluídas, além de comportamentos inteligentes que demonstram compaixão e amor pelos outros. Eles possuem memórias incríveis e podem lembrar de amigos ou inimigos por 50 anos ou mais, dependendo da sua saúde e tempo de vida (um elefante na selva vive em média 60 anos — o mais velho chegou aos 80).

Já em cativeiro, os elefantes são excelentes artistas. Sua comunicação até envolve várias maneiras de vocalizações. Eles são colaborativos, consoladores e cooperativos. É triste, mas eles também lamentam profundamente e ficam cabisbaixos com a morte.

7. Formiga

Trabalho em equipe. As formigas são conhecidas pela coletividade, mas elas também apresentam uma ótima inteligência individual, segundo Lieff. "Elas lembram de rotas extensas e podem caminhar por muito tempo com toda a certeza de onde estão indo. As formigas cuidam de seus familiares".

O cientista ainda disse que as formigas são a segunda sociedade na Terra a desenvolver a agricultura.

6. Golfinho

Segundo Lieff, os golfinhos em cativeiro conseguem lembrar as comunicações de amigos de tanque por pelo menos 20 anos. Eles também se reconhecem no espelho e sempre inventam novas maneiras de caçar peixes.

No mar aberto, eles até usam esponjas para se protegerem de pedras próximas. A socializações entre a própria raça e humanos também é algo praticamente único.

5. Corvo

Os corvos são tão inteligentes que conseguem fazer contas e analogias. Eles reconhecem a si mesmos e ainda usam objetos e materiais que encontram como ferramentas — iguais aos macacos, montando ganchos com arames.

Um estudo também revelou que os corvos entendem o princípio de Arquimedes, que toca na questão de densidade corporal, fluidos e peso. Isso permite que estes pássaros até manipulem níveis de água para conseguir comida.

4. Cacatua

Segundo Lieff, as cacatuas usam técnicas de "multipassos" para resolver problemas. Por exemplo, quando muito tempo presas em uma gaiola trancada, elas conseguem fugir caso o dono vacile e deixe a chave próxima do pássaro. Se você tem dúvidas dessa capacidade, dê uma olhada nos vídeos presentes no YouTube.

3. Anolis (lagarto americano)

Os lagartos quase nunca são lembrados em listas de inteligência, mas os anolis, em particular, impressionam os pesquisadores por causa de suas habilidades cognitivas. Eles demonstram uma capacidade avançada de resolver problemas e contas. O aprendizado rápido e a memória extraordinária são outros pontos.

Em cativeiro, aprendem a resolver puzzles difíceis com técnicas diferentes das utilizadas na natureza. Além disso, eles podem esquecer abordagens erradas para não repeti-las.

2. Cachorro

Não é preciso falar muito aqui, correto? Capacidades de socialização, comunicação, inteligência, criatividade, além de conseguir ler as emoções humanas, colocam os cachorros em segundo lugar no top 10.

1. Baleia

As baleias possuem as habilidades e técnicas culturais e de comunicação mais elaboradas da lista. Elas criam estratégias de pesca extremamente criativas, e até designam um papel específico para cada baleia durante o ataque.

Em uma das táticas, três baleias ficam lado a lado batendo os rabos sincronizados na água para criar grandes ondas. Estas ondas servem para derrubar focas de placas de gelo e rochas.

Outra técnica incrível: as baleias nadam circulando cardumes e então soltam milhares de bolhas formando uma rede em volta dos peixes — eles não nadam em bolhas. Assim, o banquete está servido sem fugas.

Extra: humanos

Estamos aqui também. Ou você esqueceu que somos animais em processo de evolução?

Contudo, segundo Lieff, uma espécie pode medir com precisão completa sua própria inteligência comparada com outros animais? É quase impossível, já que o julgamento deve ser baseado apenas nos valores do animal em particular — como estrutura cerebral e maneira de pensar.

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Insetos são mais inteligentes do que se pensava, diz cientista

Estudo avaliou a forma como esses animais calculam a velocidade de objetos em movimento

São Paulo - Uma pesquisa realizada na Universidade de Adelaide, na Austrália, revela que o cérebro de insetos, embora tenha o tamanho da cabeça de um alfinete, é capaz de grandes proezas. No estudo, pela primeira vez foi avaliada a forma como esses animais calculam a velocidade de objetos em movimento, e o resultado mostrou que essa capacidade, nos insetos, é igual a de outros animais, inclusive do homem.

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"Sabíamos que os insetos podiam estimar a direção de objetos em movimento, mas até agora não se tinha conhecimento de que eles podem estimar a velocidade", disse David O'Caroll, do Departamento de Disciplina de Fisiologia da universidade. Segundo ele, os insetos levam em consideração padrões de luz de contextos diferentes, como uma manhã de nevoeiro ou um dia ensolarado, e as células de seu cérebro se adaptam a essas condições. Ele ressalta que essa capacidade funciona apenas em ambientes naturais.

"Este mecanismo no cérebro lhes permite distinguir objetos em movimento em uma grande variedade de ambientes". A pesquisa do grupo, na verdade, busca descobrir como o cérebro compreende o mundo a partir dos olhos, mas usa o sistema visual de insetos como modelo. "Insetos são ideais para nosso trabalho porque o sistema visual deles corresponde a 30% de toda sua massa, muito mais do que a maioria dos outros animais", afirmou O'Caroll.

Segundo a universidade, a equipe colabora com a indústria para desenvolver olhos artificiais para robô, simulando a visão humana e de insetos.
 

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https://medium.com/@perola/a-espiritualidade-africana-da-ci%C3%AAncia-%C3%A0-descoberta-de-deus-c796c793bc28
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A espiritualidade africana: da ciência à descoberta de Deus
Tradução livre, não autorizada, do site Lisapo ya Kama. Todos os direitos reservados. Post original
Amen-Ra, deus único de África, imaginado em sua aparência masculina (à esquerda, no templo de Hatshepsut) e suas aparências feminina e masculina à direita (museu do Louvre)
Só há uma religião na África autêntica. Quais são suas bases? Por que é chamada de animismo? Ao terminar este artigo, você nunca olhará para a África da mesma maneira.
Voltemos a 200 mil anos atrás. O ser humano anatomicame
nte moderno acaba de vir à vida em África. Ele já é tão inteligente quanto os humanos de hoje em dia. Ele nasce em uma terra onde o clima é ameno e o alimento é abundante. Ele é um ser humano com necessidades rudimentares. A natureza, na qual ele é colocado, o satisfaz materialmente.
Despreocupado, ele/ela acaba se perguntando questões fundamentais em seu berço original dos Grandes Lagos e sul da África: Quem sou eu? Alguém me criou? Se sim, como? Por que fui criado? Este é o início da filosofia.
Para responder estas questões filosóficas, o Africano observa minuciosamente seus arredores. Ele descobre que há uma Energia; que todas as coisas são animadas por esta Energia; que toda vida é vida por causa desta Energia; que esta energia faz o sol brilhar, o vento bater, esquenta a Terra, faz humanos e animais caminharem, faz plantas e minerais vibrarem. Esta energia flui de um corpo a outro, e nunca morre.
Então, o Africano entende que esta energia comanda todas as coisas, que é a origem da vida com a qual se mistura. Esta energia que vive em todas as coisas, é o ancestral de todas as coisas, o primeiro Ancestral. Já que, segundo o ponto de vista dele/dela, esta energia deu à luz todas as criaturas como ele/ela pensa, então esta energia tem aspectos femininos e masculinos, pois apenas um casal assim pode gerar vida. Mas como esta Energia, a quem ele/ela deve a vida, veio à vida?
Nun, a água elementar
Os Kamit (Pretos) ainda percebem e entendem que da água nasce a vida. Água é o ponto de partida da vida, contém vida em estado microscópico. Poças d’água permitem o desenvolvimento da vida, o sêmen do homem é um líquido contendo os germes da vida. A criança concebida, como o animal mamífero, cresce e sai do líquido amniótico da mãe, contido em uma cavidade. O pássaro nasce do líquido contido em um ovo, etc.
Então, o Africano concluiu que no começo de tudo havia líquido: Nun no Egito antigo, Uthlanga entre os Zulu, Tano entre os Akan de Gana/Costa do Marfim, Nommo entre os Dogon do Mali.
Os Dogon do Mali, um povo conhecido por seu conhecimento avançado de astronomia, ainda consideram Nommo, a água elementar, como a fonte sagrada.
Nun sempre esteve ali, ninguém criou, e Nun possuía em em si todas as potencialidades da vida, todos os germes da vida, em um estado desordenado e adormecido. Estas potencialidades são o que os físicos chamam de partículas.
Atum, presente em Nun
Atum, a partícula da qual a Criação nasceu, acabou sendo consciente de si. Atum foi primeiro escondida na Nun (Imana/Amen em mdu ntr). A consciência de Atum, seu despertar, representa o ato fundador da Criação. Como uma partícula da qual a criação emerge, ela/ele é simbolizado por um ovo que os Fang da África Central chamam de Aki Ngoss, os Keméticos chamavam de Suhet, os Fulani de Botcchio’ndé, e que inspirou o nome do famoso rei Behanzin da Benin atual, um homem do Voodoo.
Após estudar o estado de Nun, tendo amadurecido com a aquisição de Sia (conhecimento), Atum concebe em seu coração o plano da criação. E quando o plano foi completo, ele/ela decidiu sair de Nun. A extração da partícula criativa de Nun que viria a gerar o mundo.
Atum, tendo engendrado a criação por vontade, reflexão e decisão, tem, portanto, uma alma (Ba) em seu coração (Ib). Para determinar os métodos e movimentos relacionados à saída de Nun, o Kamit ainda observa, estuda o céu (astronomia), e percebe que a forma geométrica da espiral é onipresente ao seu redor.
Os quatro elementos necessários à vida: água, terra, fogo/luz e ar, movem-se em espiral quando expressam seu poder máximo.
Energia, em sua expressão máxima, está em forma espiral, como um furacão ou ondas. A galáxia é organizada em forma espiral, o campo magnético do sol é em formato espiral, o movimento da Terra ao redor do Sol desenha uma esfera, o feto na barriga da mãe está em posição espiral, as impressões digitais são espirais, e até mesmo o DNA (será que eles já sabiam?) é uma espiral. DNA é encontrado em minerais, plantas, animais e seres humanos.
Então, para o Africano, a espiral é a forma máxima de expressão da Energia, e a forma que estabiliza toda a criação. A espiral é a impressão do Criador na criação. O movimento inicial da Criação era, portanto, uma espiral.
Do infinitamente pequeno (DNA) ao infinitamente grande (galáxia), está a criação, que é marcada pelo símbolo espiral
Atum, então, saiu de Nun formando uma espiral. Atum, a partícula consciente, após conceber o plano da criação em seu coração, fez energia emergir de si para sair de Nun. E como uma partícula agindo de acordo com sua Energia, ele/ela é chamada de Râ/Ré em mdu ntr, Sé na língua bambara do Mali, Tei em douala, de Camarões, Ngo pelos baKongo.
Ra, a energia criadora produzida por Atum
Ra, a força vinda de Atum, desenhou esta espiral que organizaria e colocaria em ordem as partículas contidas na Nun para criar matéria, ou seja, todas as coisas que nos rodeiam. Todos os elementos da criação, estrelas, minerais, plantas, animais, seres humanos, são matéria, e resultado da organização de partículas. E é a energia espiral que ordena e organiza estas partículas. Energia espalhada em Nun pela produção de vibrações que fazem um barulho alto, por isso temos Hu (a palavra da criação), ou Me Kobegue, como chamam os Fang da África Central.
Ra cria e transforma matéria através da espiral
A espiral. Preste atenção em todos os elementos que a formam. 0 é Nun, o nada; 1 é Ra no centro. Fonte: La Religion Africaine, de la cosmologie quantique à la symbolique de Dieu, Mbog Bassong
Debnen em Kemet, Yereyeti entre os Bambara, o furacão dos Venda da África do Sul, a espiral é a forma geométrica da Criação. O acadêmico camaronês Eugène Wonyu diz: “Todos os mitos Africanos sobre a origem da humanidade começam ou de um ovo, uma espiral ou um nada que experimenta vibrações por causa das energias cósmicas.”
Estudando os espirais presentes à sua volta, o Kamit, por meio de cálculos matemáticos, percebe que há um número perfeito de proporções da matéria, este número é 1,6. Este é o que os ocidentais chamam hoje de proporção áurea, o número que representa a lei do Universo. E é deste número de ouro que os Keméticos desenham sua espiral.
É Ra, produzido por Atum, que organizou as partículas de Nun para produzir matéria e antimatéria. A matéria é fértil e contínua, da qual vem a Criação. A antimatéria é estéril e anula a criação se opondo à matéria. A linha onde os números ímpares (1, 3, 5, 7 e 9) estão é a matéria. A linha onde os números pares (2, 4, 6 e 8) estão é a antimatéria.
Essas duas linhas retas vem de Ra no centro, elas são perpendiculares, opostas uma a outra. Foi, então, Ra, a energia criativa, que gerou o bem (matéria) e o mal (antimatéria). E o fato de que estas linhas estão em oposição significa que já houve uma batalha entre a matéria e a antimatéria. Este combate criou uma enorme explosão chamada de tepes seb em mdu ntr, e big bang pelos ocidentais. E, finalmente, foi a matéria, a maior linha, que dominou.
Arquitetura Ashanti, na Gana atual. Foto de um prédio fotografado no fim da guerra contra os invasores ingleses. Podemos ver as espirais nas paredes
A espiral na arquitetura Hausa, Nigéria/Níger
Planta de uma casa Kotoko, de Camarões. Da entrada ao quarto dos pais, há um curso em espiral. O quarto dos pais é análogo à Ra, porque representa o lugar da criação. Fonte: Présentation de Mbog Basong, Ubuntu Mboa 6250
Apenas a matéria, não neutralizada pela antimatéria, gerou todos os elementos da criação. Foi pelo excesso de matéria que a Criação foi liberada. A matéria fértil é, portanto, Osíris, o bom, Usiré [Ausar] em mdu ntr, Osoro entre o povo Akan, Awzaar entre os Somali, Ngai Narok entre os Maasai, Neddo entre os Fulani, Ryangombe em Ruanda. E a antimatéria proibida Suté (Seth) é o mal estéril, Ngai Nanyoke entre os Maasai. É Suté que se torna Satã nas religiões brancas. Então, houve uma batalha entre Usiré e Suté, ambos filhos de Ra, no princípio. E é graças a Ma’at que a matéria triunfou e a Criação pôde surgir.
Ma’at, filha de Ra, condição da criação
Ma’at, filha de Ra, com sua pena na cabeça. Para viajar à eternidade?
A pena de Ma’at pela África
Graças a Ma’at, filha de Ra, que é o longo braço da espiral, a matéria venceu, e produziu uma linha reta maior do que a da antimatéria. Graças a Ma’at, Usiré, através de seu filho Horus — Horo [Heru] em mdu ntr, Huur entre os Somali — dominou. Como Usiré obedecia os comandos de Ma’at — ou Mbok para os Wolof de Senegal, Fokon’olo em Madagascar — ele conseguiu voltar à vida depois da batalha contra seu irmão Suté. Morto por Suté, Usiré experimentou a morte na cruz da espiral, e depois a ressurreição graças a Ma’at. E, através de seu filho Horo, que finalmente derrotou Suté, a soberania da matéria dominou e a Criação aconteceu.
À esquerda: Usiré/ Ausar/ Osoro/ Awzaar/ Ngai Narok/ Neddo/ Ryangombe; à direita: Suté/ Ngai Nanyoke
Horo, filho de Usiré, uma criança divina que nasceu para salvar a Criação, representa a continuidade da matéria. Ele representa a eternidade da Criação, que continua apenas se ele obedecer aos comandos de Ma’at assim como seu pai. Todas as crianças recém-concebidas, por exemplo, representam a contínua Criação, um ajuntamento de partículas sob a ação de Ra. A matéria criada por Ra com as partículas de Nun deve ser transformada continuamente, precisa evoluir, por um princípio de Ra chamado Kheper em mdu ntr.
Kheper, a transformação da matéria criada por Ra
Kheper é, portanto, a lei da transformação e da evolução da matéria. Assim, no processo de evolução, apareceram minerais, plantas, animais e depois os humanos. Esse é o modo como o humano, uma matéria reunida por Ra das partículas de Nun, foi primeiro um primata próximo ao macaco, antes de passar por muitos estágios até se tornar o homem do presente, graças à transformação e evolução. Em uma palavra, graças a Kheper.
Ra, a energia primordial, é, portanto, o/a mestre da Eternidade, através de Horus e Kheper. Ra, a Energia, a Força que criou tudo, dá vida a tudo, vive em tudo e nunca dorme. Ra trabalha todo o tempo. Ra precisa continuar — com sua espiral — a Criação, via os elementos fragmentados de Nun que contêm os germes da vida (sêmen, pólen, cavidade, poça d’água etc); e a transformação da matéria criada. Então, cada elemento da criação é em parte Energia (Ka).
9, a figura da Eternidade
Em todos os ritos de iniciação tradicionais pela África, o número 9 é sagrado, porque simboliza Horo, a Criação vitoriosa de Ra e Kheper, a transformação contínua da matéria criada por Ra. 9 é o número eterno. Independente do número pelo qual você multiplica 9, você sempre acaba com o número eterno 9. Este é o único número que dá este resultado:
9 x 2 = 18, que dá 1 + 8 = 9
9 x 3 = 27 => 2+7 = 9
9 x 7 = 63 => 6 + 3 = 9
9 x 14 = 126 => 1 + 2 + 6 = 9
9 x 1043 = 9387 => 9 + 3 + 8 + 7 = 27 => 2 + 7 = 9
A cruz Ankh, símbolo do pensamento kemético, deriva da Espiral
A cruz Ankh ou cruz da vida é o símbolo supremo do pensamento Africano. A cabeça representa Ra, a Energia Espiral. Os braços horizontais são Suté, a antimatéria estéril e princípio do mal. A linha vertical é Usiré/Horo, material fértil e princípio do bem. Usiré/Horo é mais longo que Suté.
Ankh com sua cabeça (Ra), seus braços (o mal), e sua parte vertical (o bem). No meio: Faraó Kheperkaré Sen Useret (Sesostris I), com cruzes Ankh em suas mãos. À direita: A boneca Ashanti, que assegura fertilidade, é na verdade uma Ankh ligeiramente modificada. É possível fazer a analogia com o ser humano que, como a Ankh, é animado pelas forças opostas do mal e do bem. O ser humano precisa sempre fazer o bem triunfar em seu coração, praticando a Ma’at. Ele precisa se manter S.Ankh.ka.Ra, ou seja, aquele que dá a vida ao ka (energia) de Ra. S.Ankh.ka.Ra está na origem dos nomes Sankhara/ Sankharé/ Sangharé na África Ocidental.
Em resumo
No princípio, havia Nun, a água primordial, onde Imana, a partícula escondida, acordou com seu nome Atum. Atum, simbolizada por um ovo, concebeu a Criação em seu coração. Ela/ele decidiu, através de sua alma (Ba), sair de Nun para criar sua Energia Ra. Ra, com o número de ouro 1.6, desenhou um movimento espiral e propagou Nun emitindo uma vibração sonora (a palavra da criação).
Graças a seu movimento espiral, Ra produziu matéria e antimatéria, opostamente. A matéria (Usiré/Horo) derrotou a antimatéria (Suté) graças a Ma’at. Horo representa a eternidade da Criação e Kheper é a transformação da matéria criada. Ambos dependem de Ma’at e são simbolizados pelo número 9. Cada elemento da criação é em parte (Ka) Energia (Ra).
Ra, a energia criativa científica venerada pelos Kamits (pretos) é, portanto, Deus. Deus é aquela Energia a quem o Africano recorre por meio de um ancestral falecido. Deus é Imana-Ra / Amen-Ra como uma partícula escondida que se tornou Energia. Deus é Atum-Ra como uma partícula consciente que se tornou Energia. Os Bamikele de Camarões dizem, assim, que Si (Deus) é a Energia Consciente.
Deus nunca se revelou aos Africanos, Ela/Ele permanece Imana (escondida, invisível). É esta Energia que dá vida e anima tudo o que o Kamit deifica, daí vem o termo animismo que os ocidentais usam para designar a Religião Africana. Como este termo se tornou derrogatório, preferimos Vitalismo, que reflete melhor a força vital.
O Africano descobriu Deus e foi convencido de sua existência através do aprendizado das ciências. Foi Deus quem deu aos humanos a inteligência necessária para descobrir Sua Grandiosidade. Ra inscreveu na natureza todos os elementos necessários para que voltemos a ele/ela.
Ra é, portanto, única (a energia inicial e fundamental) e múltipla (a energia distribuída em cada elemento da criação). É por isso que Akhenaten disse a Deus: “Você não para de extrair milhões de formas de si mesma, enquanto se mantém Uma”. É por isso que os Fang da África Central dizem “E, então, Deus se multiplicou como cogumelos”. É por isso que os baKongo dizem que Deus experiencia a singularidade na multiplicidade. É por isso que está escrito no monólito do Faraó Sudanês Shabaka “Deus está em tudo que é vivo”.
O famoso Faraó Tuanga Imana (Tutâncamon) com uma Cobra em sua coroa. A Cobra é um animal que se faz espiral. À direita, um rei Iorubá da Nigéria com uma cobra enrolada em sua coroa.
Penteado totêmico do povo Oromo da Etiópia, na forma de uma cabeça de cobra
Através da matemática, astronomia, física (…), o Kamit respondeu sua questão original. Ele sabe que está na Terra para preservar e dar continuidade à vida (Ankh), respeitando Ma’at como Ra mandou. Ma’at é sua filosofia. O sociólogo suíço Jean Ziegler disse: “A cosmogonia Africana diz que nada vence a proteção, permanência e expansão da vida”. Enquanto os europeus e semitas estão na Terra para acumular riqueza material, nós Africanos estamos na Terra para perpetuar a vida.
E vieram os escritos religiosos…
Sacerdotes pretos escreveram os primeiros textos sagrados da história. Esses textos, que para eles eram as palavras que Deus teria dito, são muito melhor entendidos depois de ler os escritos acima. Um exemplo em mdu ntr: Pelas canetas dos sacerdotes keméticos, foi assim que Atum-Ra relatou a Criação:
Djed medu Neb r Djer, djed ef | assim falou o Mestre do Universo:
Isu iri i sep paut ntjeru pautiu | E eu fiz a primeira era assim como os primeiros deuses
Irry i meruty nebet m ta pen | Eu fiz tudo o que queria fazer nesse mundo
Usekh n im ef | Eu me expandi nele
Tjes n i djeret i | Eu enrolei minha própria mão (Ma’at, a grande curva da espiral)
Wai kui | Só
Nen mesu sen | antes de eles nascerem (os outros deuses)
Ini n i r i djes i | Eu usei minha boca (vibração sonora)
Nen kheper kheperu nebet m ta pen | Nenhum modo de existência começou a existir nesse mundo
Irry n irr nebet wai kui | Eu fiz tudo o que fiz enquanto estava só
Nen kheper ky | Antes de qualquer um (além de mim) surgir
Iriu n ef hena i m bu pui | Para agir comigo nesses lugares
Iri i kheperu im m ba pui | Eu fiz os modos de existência a partir dessa força (que existe em mim)
Tjes n im m Nun | Eu criei dentro da Nun
M neni | Ainda adormecida
Nen gemi n i bu aha n i im | E sem ter encontrado lugar para ficar
Ahat n i ib i | Então meu coração se tornou ativo
Sentet n i m her i | O plano de criação veio a mim
Iri n l irry nebet wai kui | E eu fiz tudo o que queria fazer só
Sentet n i m ib i | Eu criei projetos em meu Coração
Kema n i ky kheperu | Eu criei uma nova forma de existência
Asha kheperu nu Khepri | E os modos de existir derivados da Existência eram múltiplos
Imana-Ra, forma masculina
Outros textos edificantes:
Djed in Râ n Nun | então Ra disse a Nun
Ntjer semsu kheper n i im ef | Ó, deusa anciã de onde eu vim
Djeded in Hem n Nun | Então sua majestade Nun disse
Sa i Ra | Meu filho Ra
Ntjer aâ r iri su | Deus maior do que a que o fez (Nun)
Mesu m Nun | Quando eu nasci em Nun
N sep kheperet pet | Antes do céu existir
N sep kheperet ta | Antes da terra existir
N sep kheperet henenu | Antes do tormento (espiral?) existir
N mesut ntjeru | Enquanto os deuses (que vieram de mim: Osiris, Horus, Ma’at etc.) ainda não eram nascidos
Râ nu | Este é Ra
Ink Ntjer aa, kheper djes ef | Eu sou o grande Deus, nascido/a de si mesmo/mesma
Kema renu hau ef | Ele (Ra) nomeou as partes de seu corpo
Kheper my nen ntjeru imyu semsut | E então nasceram esses deuses que o seguem
Ir sef Usiré | Ontem é Osiris (já morto)
Ir duau Râ nu | e amanhã é Ra (através de sua eternidade)
Khetem tu heftiu nu Neb r Djer | Os inimigos do Mestre do Universo foram aniquilados
Im ef hena nu sa ef Horo | E ali ele reina com seu filho Horus
Ink Ptah | Eu sou o Criador
Ink Wa | Eu sou o Único
Ink Nehehe | Eu sou o Eterno
Ink Ntjer aa | Eu sou o grande Deus
Neb r Djer | o Mestre do Universo
Neb Nehehe | o Mestre da Eternidade
Ntjer Nefer | o bom Deus
Podemos perceber que o lirismo Africano é baseado em uma realidade científica. Esses textos podem ser defendidos em relação a suas bases científicas e filosóficas. Não é uma questão de palavras dogmáticas e intocáveis, como nas chamadas religiões reveladas, que impedem a análise crítica. E se um elemento científico ou especulação filosófica questiona alguma parte, ela pode ser modificada. O cérebro, a mente crítica, a racionalidade deve sempre funcionar nos Kamit.
O nascimento das tais religiões reveladas
Quando os brancos se mudaram dos campos gelados da Europa e Ásia e entraram em contato com os Pretos do Oriente Próximo (Pretos de Canaã), na Arábia (Pretos de Sabá), e no Egito, eles descobrem a existência de Deus, já que os Africanos foram os primeiros a teorizar e praticá-la. Mas os leucodérmicos têm acesso limitado a segredos científicos e veem apenas os mitos que os Africanos mostram. Com um desejo de criar sua religião sem entender os fundamentos de Deus, ele usará o mito da revelação para justificar a existência de Deus.
Sem nenhum argumento para explicar direito o que escreveu — aqui, a maioria copiado — em seu livro, o branco pede a seus seguidores para que acreditem, tenham fé e entendam. Vindo de um berço onde a mulher é vista como inferior e a natureza como algo hostil, ele remove a parte feminina de Deus e tira Deus das criações dele/dela. Foi assim que as chamadas religiões de fé, onde se é preciso acreditar, nasceram: Judaísmo, Cristianismo e Islã.
Escrita, leis, poder, artes, arquitetura…
Como a criação foi feita através da palavra, tudo que existe representa a palavra de Deus. Então o Africano inventa a primeira forma de escrita a partir de códigos que são elementos da natureza, e chama essa escrita de Medu Ntjer (mdu ntr, Palavras de Deus); é o que os ocidentais chamam de hieroglifos. É por isso que essa escrita inclui pássaros, plantas, humanos, o sol, etc.
Como todo elemento da criação nasce da propagação sonora de Ra na Nun, todo elemento representa a palavra de Deus. É essa escritura, a primeira da humanidade nascida entre o Sudão e o Egito há 5400 anos, que está na origem do grego, arábico, latim, cirílico, hebreu, persa etc.
O ser humano foi dotado com a habilidade de falar como Deus, então ele/ela é o centro da Criação, o guardião do Universo. Os Kamit deduzem quais são os comandos de Ma’at e inventam as leis da justiça. O espírito humanista e harmonioso de Ma’at fez com que fosse criada uma sociedade com equidade e complementariedade entre homem e mulher, ausência de uma economia baseada em escravidão, ausência total ou quase total de fome e falta de moradia, solidariedade reforçada, ausência de genocídio, menos guerras e derramamento de sangue, reis e rainhas amados trabalhando pelo bem de seu povo…
O rei é a reincarnação de Horus, ele é o maior advogado da manutenção da vida e, sendo assim, ele precisa fazer Ma’at reinar a qualquer custo, incluindo a força. Ele luta perpetuamente para fazer Horus e Kheper triunfarem. Ele é Neb Maat (mestre de Ma’at) ou Mogho Naba entre os Mosi de Burkina Faso.
O carneiro, animal totêmico de Deus na civilização faraônica, em parte por causa de seus chifres em espiral. Assim como Horus é o filho de Deus, ele é o Cordeiro de Deus que veio tirar o pecado (Suté) do mundo. Todo rei na África é a réplica de Horus.
Como Ma’at reflete a ordem e harmonia da Criação, os Kamit precisam ser o reflexo de Ma’at mesmo na arte. Assim, sua música e dança é bonita, harmoniosa e coordenada. E até hoje eles continuam sendo os melhores dançarinos e cantores do planeta, mesmo que não saibam mais o motivo disso. Assim como os fundamentos matemáticos da Criação devem ser refletidos na Terra, o número dourado e o Pi, também descobertos em sua investigação matemática, se refletem em sua arquitetura.
Foi assim que os Kamit criaram a Grande Pirâmide de Gizé, o maior monumento em sua história e na do mundo antigo. 2.900.000 blocos de concreto pesando até 70 toneladas cada — o suficiente para criar 30 Empire State Buildings — , montados em 147 metros, de tamanhos diferentes, com uma precisão na alvenaria medida em décimos de milímetros. Túneis com inclinações absolutamente perfeitas, que chocaram e chocam os melhores arquitetos do mundo até hoje, foram criados do lado de dentro.
O número dourado e o Pi são onipresentes na arquitetura da Grande Pirâmide. A Grande Pirâmide de Gizé representa a apoteose histórica da matemática simbólica. O Africano dita o clima e civiliza a Terra inteira com seu Deus, descoberto através de sua ciência.
As complexidades das pirâmides de Gizé reproduzem a constelação de Leão na Terra, ainda conhecida como Usiré ou Orion para os ocidentais. É por isso que vemos Mai (o leão), representado pela grande Esfinge. Esses são monumentos astronômicos, construídos com materiais matemáticos sofisticados. Toda essa ciência foi descoberta pelos Africanos em sua busca filosófica pelas origens do mundo. A matemática, a física, a astronomia (…) são ferramentas inventadas pelos Africanos no sul africano e nos Grandes Lagos, para desvendar os mistérios do mundo e entender suas origens. É porque fomos os primeiros humanos e fizemos esse trabalho de pesquisa primeiro, que civilizamos o mundo. À direita, vemos a estátua do Faraó Khufu (Quéops), que acredita-se ter sido o construtor da Grande Pirâmide. A estátua está presente no Egyptian Museum, em Cairo.
Nomes de Deus em alguns lugares de África
Bambara & Dogon, do Mali; Jukun, da Nigéria: Amma/ Ama
Líbia antiga: Amun
Sudão antigo: Amani
baNyarwanda, de Ruanda, e baRundi, do Burundi: Imana
Egito antigo: Imana/ Amon/ Amen
Akan, de Gana e Costa do Marfim: Nyamien/ Nyame
Douala & Basa, de Camarões; Barotse & Lozi, da Zâmbia: Nyambe
Konjo, de Congo-Uganda: Nyamahanga
Fang, do Gabão: Nzame
kiKongo, de Congo-Angola: Nzambi
Baya, da República Central Africana: Zambi
Sangama, da Etiópia: Zabi
Herero, da Namíbia: Njambi
Pare, da Tanzânia: Kyumbi
Conclusão
Percebemos que o conceito de Deus para os Pretos é científico e perfeitamente racional. É baseado nas ciências exatas e em especulação filosófica. A espiritualidade nascida há millhares de anos atrás na Terra Sagrada (os Grandes Lagos e o sul africano), e que foi trazida a seu pico no Egito, é comum ao continente inteiro. Nós sinceramente acreditamos que a concepção Africana de Deus é a melhor, pois ela é baseada em uma questão científica, que procura estritamente a verdade e é aberta a questionamentos.
Se rejeitamos essa “religião” hoje, é porque não a conhecemos porque os colonizadores europeus e árabes a caluniaram e enterraram com o propósito de explorar a África. Podemos apenas nos sentir incrivelmente honrados de termos nascido Africanos e de termos o sangue de nossos grandes ancestrais fluindo em nossas veias.
Mas, para além da questão espiritual, vemos outros benefícios para a África. A espiritualidade Africana dá base para uma educação completamente revisada, um sistema social repaginado, um sistema econômico redesenhado, um melhor status para as mulheres, uma re-fundação de nossos Estados, uma arquitetura redesenhada, a fundação de conservatórios de música, escolas de filosofia etc.
Nas escolas, conseguimos imaginar palestras sobre o estudo físico de Atum, o estudo matemático da espiral ou da grande pirâmide, ou reflexões sobre Ma’at. Que tópicos interessantes! Ao colocar a criança Africana como continuidade da genialidade de seus ancestrais, as taxas de fracasso escolar poderiam cair consideravelmente e nós poderíamos ter tantos gênios quanto tínhamos há 2500 anos. Esta ciência é o caminho para o renascimento científico do mundo preto, através do renascimento de Kama (África).
Nós agradecemos de coração a nossos ancestrais por terem nos deixado uma herança dessas e temos o dever de tentar orgulhá-los.
9 civilizações vitais construídas pelos Pretos a partir da ciência Kamit: Cartagena, na Tunísia; Zimbábue; Daomé, atualmente Benin; Ashanti, atual Gana; Egito; Maia; Barua (Meroel), Sudão; Benin, em Benin e Nigéria; Vale do Indo, na Índia-Paquistão
Pelo futuro…
Hotep!
Lisapo ya Kama, todos os direitos reservados.
Fontes:
La Religion Africaine, de la cosmologie quantique à la symbolique de Dieu, Mbog Bassong
La philosophie africaine de l’époque pharaonique, Théophile Obenga
Qu’est-ce qu’être kamit?, Nioussérê Kalala (Jean Philippe) Omotunde
escrevo tudo o que penso, publico o que quero falar. traduções e textos autorais // NÃO me cite sem autorização prévia. (atualizado em 30/7/20)
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Raios cósmicos podem danificar cérebro de astronautas

Exposição por um longo período a esses raios que permeiam o universo pode causar deficiências cognitivas similares à demência em astronautas

Washington- Detritos espaciais, asteroides errantes, falta de suprimentos, defeitos nos propulsores ou até mesmo alienígenas mal-intencionados tantas vezes retratados em filmes de Hollywood, podem não vir a ser um problema para uma eventual viagem de astronautas a Marte. O verdadeiro desafio pode ser os onipresentes raios cósmicos da galáxia.

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Pesquisadores disseram nesta sexta-feira que a exposição por um longo período a esses raios que permeiam o universo, como ocorreria em uma viagem de ida e volta à Marte, pode causar deficiências cognitivas similares à demência em astronautas.

Em um estudo financiado pela Nasa, camundongos foram expostos a partículas altamente energizadas, como as dos raios cósmicos, e apresentaram um declínio cognitivo e mudanças na estrutura e integridade das células nervosas do cérebro e nas sinapses, local de troca de impulsos nervosos.

As partículas irradiadas pelos raios cósmicos, originárias da explosão de estrelas chamadas supernovas, são capazes de penetrar as espaçonaves e os corpos dos astronautas. A própria Terra está protegida por sua magnetosfera.

Charles Limoli, professor de oncologia da Universidade da Califórnia, disse "sem nenhuma dúvida" que seres humanos enfrentariam os mesmos problemas dos ratos.

"Os astronautas podem incorrer em deficiências cognitivas que levam ao decréscimo da performance, confusão, crescente ansiedade e problemas a longo prazo com a saúde cognitiva", disse Limoli, cujo estudo foi publicado na revista Science Advances. Isso pode comprometer atividades cruciais para a missão, especialmente caso alguma situação inesperada surja durante a viagem pelo universo, disse Limoli.

Os ratos de laboratório, geneticamente modificados para terem neurônios fluorescentes, facilitando sua análise estrutural, foram expostos aos raios no Laboratório Nacional Brookhaven, em Nova York, e examinados seis semanas depois.

Além das alterações nas células nervosas e sinapses, os ratos demonstraram uma pior performance no aprendizado e em testes de memória. Eles também perderam a curiosidade e ficaram lerdos.

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BBC News, Brasil







O filósofo muçulmano que formulou teoria da evolução mil anos antes de Darwin

O livro dos animais
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O Livro dos Animais, de al-Jahiz, tem sete volumes

A teoria da evolução, do cientista britânico Charles Darwin, é uma das pedras angulares da ciência moderna.

A ideia de que as espécies mudam gradualmente por meio de um mecanismo chamado de seleção natural revolucionou nossa compreensão do mundo vivo.

Em seu livro A Origem das Espécies, de 1859, Darwin definiu a evolução como uma "descida com modificações", demonstrando como as diferentes espécies surgiram de um ancestral comum.

Mas parece que a própria teoria da evolução também tem um ancestral no mundo islâmico.

Seleção natural

Cerca de mil anos antes de Darwin, um filósofo muçulmano que vivia no Iraque, conhecido como Al-Jahiz, escreveu um livro sobre como os animais mudam através de um processo que também chamou de seleção natural.

Seu nome real era Abu Usman Amr Bahr Alkanani al-Basri. Seu apelido, Al-Jahiz, significa alguém com olhos esbugalhados.

Selo que representa al-Jahiz
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O correio do Qatar criou um selo em homenagem a al-Jahiz como parte de sua série Personalidades do Islã.

Não é a forma mais amistosa de chamar alguém, mas a fama de al-Jahiz se deve mesmo a seu livro Kitab al-Hayawan (O livro dos animais, em tradução livre).

Ele nasceu no ano 776 na cidade de Baçorá, sul do atual Iraque, numa época em que o movimento Mutazilah - uma escola de pensamento teológico que defendia o exercício da razão humana - estava crescendo na região, no auge do califado Abássida.

Obras acadêmicas eram traduzidas do grego para o árabe, e Baçorá sediava importantes debates sobre religião, ciência e filosofia que moldaram a mente de Al-Jahiz e o ajudaram a formular suas ideias.

O papel havia sido introduzido no Iraque por comerciantes chineses, o que impulsionou a difusão de ideias, e o jovem Al-Jahiz começou a escrever sobre vários temas.

Seus interesses envolviam muitas áreas acadêmicas, como ciência, geografia, filosofia, gramática árabe e literatura.

Acredita-se que ele tenha publicado 200 livros durante a vida, mas só um terço sobreviveu até nossos dias.

Charles Darwin
Legenda da foto,

Quando Charles Darwin morreu em 1882, foi enterrado na Abadia de Westminster, ao lado de outras grandes figuras nacionais.

O Livro dos Animais

Sua obra mais famosa, O Livro dos Animais, foi concebida como uma enciclopédia que apresenta 350 espécies. Nela, Al-Jahiz postula ideias que se parecem muito com a teoria da evolução de Darwin.

"Os animais estão envolvidos numa luta pela existência e pelos recursos, para evitar serem comidos e se reproduzirem", escreve Al-Jahiz.

"Os fatores ambientais influenciam nos organismos fazendo com que desenvolvam novas características para assegurar a sobrevivência, transformando-os assim em novas espécies."

Ele prossegue: "Os animais que sobrevivem para se reproduzir podem transmitir suas características exitosas a seus descendentes".

Estava claro para Al-Jahiz que o mundo animal estava numa luta constante para sobreviver, e que uma espécie sempre era mais forte que outra.

Revista satírica francesa La Petite Lune em 1871
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Revista francesa com caricatura de Darwin e sua teoria de que os humanos e os macacos têm um ancestral comum.

Para sobreviver, os animais tinham de possuir características competitivas para achar comida, evitar virar comida de outros e se reproduzir. Isso os obrigava a mudar de geração em geração.

As ideias de Al-Jahiz influenciaram outros pensadores muçulmanos posteriores. Seu trabalho foi lido por homens como Al-Farabi, Al-Arabi, Al-Biruni e Ibn Khaldun.

O "pai espiritual" do Paquistão, Muhammad Iqbal, também conhecido como Allama Iqbal, reconheceu a importância de Al-Jahiz em sua coleção de conferências, publicadas em 1930.

Iqbal ressaltou que "foi Al-Jahiz quem assinalou as mudanças que se produzem na vida dos animais devido à migração e às mudanças no meio ambiente".

'Teoria maometana'

A contribuição do mundo muçulmano à ideia da evolução não era um segredo para intelectuais europeus do século 19. De fato, um contemporâneo de Darwin, o cientista William Draper, falava da "teoria da evolução maometana" em 1878.

No entanto, não há evidências de que Darwin conhecesse o trabalho de Al-Jahiz ou de que entendesse árabe.

Espécies de pássaros observadas por Dawin em Galápagos
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Darwin notou uma variação do bico enquanto observava diferentes espécies de pássaros em Galápagos

É merecida a reputação que o naturalista britânico ganhou como um cientista que passou anos viajando e observando o mundo natural. Ele elaborou sua teoria com detalhes e claridade sem precedentes, transformando a forma com que pensamos o mundo.

Mas o jornalista científico Ehsan Masood, que realizou uma série para a BBC chamada Islam and Science (O Islã e a Ciência), diz que é importante recordar outros que contribuíram com a história do pensamento evolutivo.

Criacionismo

Ehsan Masood também destaca que o criacionismo não parecia existir como um movimento significativo no século 9 no Iraque, quando Bagdá e Baçorá eram os principais centros de ensino avançado na civilização islâmica.

"Os cientistas não passavam horas examinando paisagens da Revelação para ver se eram comparáveis com o conhecimento observado no mundo natural", escreveu Masood em artigo sobre Al-Jahiz no jornal britânico The Guardian.

Ao fim, foi também a busca pelo conhecimento que provocou a morte de Al-Jahiz. Conta-se que, aos 92 anos, ele tentou alcançar um livro em uma estante pesada, quando a estrutura desabou, matando-o.

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